Segundo levantamento, atualmente mais de vinte barcos pescam atum no município, sendo 11 embarcações locais e outras 10 oriundas de localidades vizinhas.
AREIA BRANCA – Durante décadas, a atividade da pesca no município empregou milhares de famílias e fortaleceu a economia local. Mas a escassez do peixe e da lagosta na costa areia-branquense levou o pescador a buscar nova alternativa de sobrevivência. Foi aí que surgiu o atum, um dos peixes mais procurados pelo mercado de pesca, principalmente na Ásia. No Japão, sua carne é utilizada na produção de sushis e sashimis.
Segundo levantamento feito pelo presidente da Colônia de Pescadores Z-33 de Ponta do Mel, que possui representatividade na cidade, Francisco Antônio Bezerra, "Chicão do Mel", atualmente mais de vinte barcos pescam atum no município, sendo 11 embarcações locais e outras 10 oriundas de localidades vizinhas que fazem posto aqui. “Esses barcos pescavam lagosta e peixe e migraram para o atum”, conta.
Com base no levantamento feito por “Chicão do Mel”, conclui-se que mensalmente saem de Areia Branca em torno de 60 toneladas de atum de maneira clandestina, uma vez que o município não usufrui de nenhum tipo de benefício, pois não há fiscalização nem acompanhamento por parte da prefeitura. O peixe sai do mar direto para as mãos dos atravessadores por preços que variam de R$ 3,50 a R$ 7,00 o quilo e alcança valores altíssimos no mercado exterior.
Para “Chicão do Mel”, o município está perdendo muito com esse tipo de comercialização do atum. O mais viável seria toda a produção ser beneficiada na cidade, que dispõe de uma unidade de beneficiamento, a Salinas Indústria de Pesca, com estrutura adequada para esse tipo de atividade. “Além de gerar impostos para o município e aquecer o mercado de trabalho, o beneficiamento do atum aqui traria incontáveis benefícios para os setores envolvidos”, diz.
De acordo com o presidente da Colônia de Pescadores de Ponta do Mel, hoje uma das lutas encampadas pela entidade e pelo empresário Jorge José Bastos Filho, proprietário da Salinas Indústria de Pesca, é pela desburocratização do processo de liberação da unidade, pelo Governo Federal, para que o atum seja beneficiado no município.
“A Salinas, que é uma empresa que só trabalha na legalidade, está sem operar por conta dessa burocracia, deixando de empregar várias famílias e contribuir com impostos para o município. Quer dizer, o empresário Jorge Bastos está sendo penalizado pela morosidade do governo, por querer trabalhar legalmente”, afirma “Chicão do Mel”.
Um dado interessante sobre a pesca do atum é que, ao contrário do que muita gente pensa, esse tipo de peixe não é encontrado facilmente no litoral areia-branquense. Para uma boa pescaria, o barco tem que se deslocar uma distância de aproximadamente 630 milhas, ou mais de mil quilômetros da costa de Areia Branca, próximo à África.
“Para aproximar o atum da costa areia-branquense seria preciso fazer boia, instalar esse equipamento a cerca de 200 milhas para atrair o atum paras mais perto da nossa costa”, explica “Chicão do Mel”, acrescentando que a Colônia de Pescadores Z-33, juntamente com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), de Mossoró, e uma universidade do Paraná trouxeram duas boias para Areia Branca, faltando apenas jogá-las no mar.
“Estamos buscando apoio junto aos organismos competentes para melhorar as condições da pesca de atum no município, de forma que todos saiam lucrando”, completa.
Fonte: Jornal O Mossoroene
Luciano Oliveira
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