sábado, 2 de novembro de 2013

Levantamento aponta que mais de 60 toneladas de atum deixam Areia Branca sem controle


Segundo levantamento, atualmente mais de vinte barcos pescam atum no município, sendo 11 embarcações locais e outras 10 oriundas de localidades vizinhas.

AREIA BRANCA – Durante décadas, a atividade da pesca no município empregou milhares de famílias e fortaleceu a economia local. Mas a escassez do peixe e da lagosta na costa areia-branquense levou o pescador a buscar nova alternativa de sobrevivência. Foi aí que surgiu o atum, um dos peixes mais procurados pelo mercado de pesca, principalmente na Ásia. No Japão, sua carne é utilizada na produção de sushis e sashimis.
Segundo levantamento feito pelo presidente da Colônia de Pescadores Z-33 de Ponta do Mel, que possui representatividade na cidade, Francisco Antônio Bezerra, "Chicão do Mel", atualmente mais de vinte barcos pescam atum no município, sendo 11 embarcações locais e outras 10 oriundas de localidades vizinhas que fazem posto aqui. “Esses barcos pescavam lagosta e peixe e migraram para o atum”, conta.
Com base no levantamento feito por “Chicão do Mel”, conclui-se que mensalmente saem de Areia Branca em torno de 60 toneladas de atum de maneira clandestina, uma vez que o município não usufrui de nenhum tipo de benefício, pois não há fiscalização nem acompanhamento por parte da prefeitura. O peixe sai do mar direto para as mãos dos atravessadores por preços que variam de R$ 3,50 a R$ 7,00 o quilo e alcança valores altíssimos no mercado exterior.
Para “Chicão do Mel”, o município está perdendo muito com esse tipo de comercialização do atum. O mais viável seria toda a produção ser beneficiada na cidade, que dispõe de uma unidade de beneficiamento, a Salinas Indústria de Pesca, com estrutura adequada para esse tipo de atividade. “Além de gerar impostos para o município e aquecer o mercado de trabalho, o beneficiamento do atum aqui traria incontáveis benefícios para os setores envolvidos”, diz.
De acordo com o presidente da Colônia de Pescadores de Ponta do Mel, hoje uma das lutas encampadas pela entidade e pelo empresário Jorge José Bastos Filho, proprietário da Salinas Indústria de Pesca, é pela desburocratização do processo de liberação da unidade, pelo Governo Federal, para que o atum seja beneficiado no município.
“A Salinas, que é uma empresa que só trabalha na legalidade, está sem operar por conta dessa burocracia, deixando de empregar várias famílias e contribuir com impostos para o município. Quer dizer, o empresário Jorge Bastos está sendo penalizado pela morosidade do governo, por querer trabalhar legalmente”, afirma “Chicão do Mel”. 
Um dado interessante sobre a pesca do atum é que, ao contrário do que muita gente pensa, esse tipo de peixe não é encontrado facilmente no litoral areia-branquense. Para uma boa pescaria, o barco tem que se deslocar uma distância de aproximadamente 630 milhas, ou mais de mil quilômetros da costa de Areia Branca, próximo à África. 
“Para aproximar o atum da costa areia-branquense seria preciso fazer boia, instalar esse equipamento a cerca de 200 milhas para atrair o atum paras mais perto da nossa costa”, explica “Chicão do Mel”, acrescentando que a Colônia de Pescadores Z-33, juntamente com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), de Mossoró, e uma universidade do Paraná trouxeram duas boias para Areia Branca, faltando apenas jogá-las no mar.
“Estamos buscando apoio junto aos organismos competentes para melhorar as condições da pesca de atum no município, de forma que todos saiam lucrando”, completa.

Fonte: Jornal O Mossoroene
Luciano Oliveira 

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